18 maio 2010

"O amor é curto e deixa moça"

Ela acordou do sono mal dormido de há meses. Nas poucas horas que passa para o mundo dos sonhos preferia não o fazer. É como se de horas de sono não se tratasse. Insiste em pintar os olhos pela manhã. Ela tem o seu quê de teimosia, depois de os pintar pensa sempre o porquê de o ter feito. Assim ainda se nota mais o que não dormiu e o que (erradamente) sonhou. Já sabe o caminho pela manhã e ainda melhor a sensação de chegar a cadeira de escritório.

Na verdade, ela queria mais do que tranquilidade. No entanto, não quer mais que deixem a alma dela em paz. Ambiciona a manhã em que pinta os olhos e não se arrepende. Não quer optar já apenas pela base. Vai continuar a tentar disfarçar o olhar até ao dia em que o disfarce será a forma de mostrar o brilho verdadeiro.

Até lá, só quer tranquilidade. Ambiciona os tempos em que era pequenina e a única coisa que a chateava pela manhã era ter que vestir as calças que a mãe tinha escolhido no dia anterior mesmo sabendo que ela preferia sempre saia.

("dá-me ar" para poder pintar o mundo de azul petróleo)

1 comentário:

Marília Freitas disse...

Dou-te uma caixinha de aguarelas para pintares de todas as cores*