26 agosto 2009

Espontânea.

" "hoje vou fingir q nao vou voltar.despeço-me do que mais quero" "
Elas cairam, naturalmente. Li e cairam pesadas. Suspiraram aliviadas por cairem. E na altura peguei no telefone a soluçar. Não sabia porquê. Gosto mais quando elas caem assim. Ajuda tanto.
Provavelmente, das poucas vezes em que fui espontânea. Provavelmente.
Até queria ser eu.
"E se soubessem o que o medo é capaz de fazer."

25 agosto 2009

vai.

Vai e segue o caminho (o teu).
Não sou quem queres apenas
a ilusão.
Não sou capaz. Não somos.

Porquê? Fui feita para
ser ferro.
Ser a independência
desejada e angustiada de mim.

Vai e segue porque é
o que queres na verdade.
Sinto-me apertada, presa
desconfortável em nós. (Porquê injustamente se nunca ninguém me quis tão bem).

E quando te imagino
rodeado duvido porque
ali nascemos nós.

Vai. Será mais fácil. Fico a chorar
o que não sei e nunca soube.
Assim vais ser tu (poeta).

20 agosto 2009

Foi.

Abri a caixa a pensar naquele papel. E foi o primeiro em que peguei, sem ver.
Lembro-me daquele dia, daquela sensação, daquele abraço como se o estivesse a sentir agora (e o brilho no olhar).

Preocupação? Talvez. Trazia para não doer.
Encostava. Aquecia.

Sempre gostei de usar o presente.

Aqueço-me a mim um dia. Talvez.

(agarra enquanto podes)*

17 agosto 2009

Agora.




"Recebe menos quem mais tem para dar.

Agora queira dar licença que eu já vou."

16 agosto 2009

Busquei (a dançar no silêncio morto)


"Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
E não sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo"
"Alguém me ouviu (mantém-te firme)", Mariza e Boss AC
(não me olhem assim)


"as pessoas que mais sofrem são as que não sabem o que querem"
(não me olhem assim)
Anatomia de Grey


15 agosto 2009

Muito mais que afilhada *


É de repente, num gesto simples, que deixamos de ser nós os pequeninos. Há uns tempos, era eu que tremia a pensar na minha escolha. Hoje, sou eu a escolhida, a que tenho que olhar por alguém, pela minha pequena.


E muito mais de repente torna-se mais que afilhada.

Confidências. Segredos. Angústias.

Ouve-me a dizer mil vezes o medo que é parte de mim em tantas situações.

Sim, coisas que muitas vezes só ela sabe.




Obrigada por me deixares cuidar de ti.

"Muito mais é o que nos une que aquilo que nos separa" :')


Volta para te esmagar com o meu abraço* Saudades*

14 agosto 2009

Tentar?

Fere em vez de matares. De vez.

Já me custa a crer que a capital exista.

"(Não me queres)
(Não me qures)

Para onde vão os amores que foram um dia.
A janela, onde já nenhum vento. A janela que um dia deixaram aberta.
Os amores que foram um dia e não voltam mais.
Ela olha-o. O coração é um bicho.
Olham-se ainda. E nunca mais se olharão assim."

Rodrigo Guedes de Carvalho, "Mulher em Branco"

09 agosto 2009

a tempo?

Sentada. Escuro.

Ali tinha tudo para pensar no que é meu.
Via os outros passar. Os jovens na descoberta. Os de terras distantes a conhecer esta calçada. Os que vinham trabalhar. Os que andavam perdidos e corriam pela dependência. Os que sentiam a noite. Os que discutiam. Os que riam.

Enquanto os via passar perdia-me na vida deles. E a minha em branco.
Bem me dizem para pensar na minha.
Vivi a daqueles desconhecidos naquela hora e meia.
No desespero baixava a cabeça para me sentir.
Queria ter onde lavar a alma. Naquela altura era eu. E eu
tinha que saber limpar a minha
sozinha.
Nunca o soube. Não sei.

Ver o que é meu. E viver
não sei.
Não veio no livro de instruções.

Queria ter onde limpar a minha alma.

Vou correr
para viver por mim. Será
que vou a tempo de mim?

Queria ter onde limpar a minha alma.

(Dizes luz e nada se acende)

" -Sei o que vais dizer. Qualquer coisa sobre confusão porque achavas que não tinhas deixado de me amar. O pior? Acredito. Houve alguém que disse que o coração tem mais quartos que uma casa de putas.

A janela. Na vida deles uma janela que deixaram aberta, uma coisa mal fechada, indefesa às tempestades. Uma corrente de ar."


"(Dizes luz e nada se acende)"


"A janela, onde já nenhum vento. A janela que um dia deixaram aberta."

"Olham-se ainda. E nunca mais se olharão assim."
?

Rodrigo Guedes de Carvalho, Mulher em Branco

06 agosto 2009

Ficar ferido a ter de matar.

"Há uma vida que te aconteceu, que percorreu caminhos dentro de ti. E agora. Agora isto. Reduzida a sentidos. O imediato, apenas isso. Repara que só existes por segundos. Digamos que não reténs."


"Eu tento dizer-lhes, Laura, mas não consigo.
Não sei porque quis fugir, não sei porque já não te queria se um dia te quis tanto. As incompreensíveis armadilhas do amor, quem as sabe explicar. Um homem foge quando pensa que está a morrer. Preferia, se isso te consola, Laura, que fosses tu a abandonar-me. Havias de perceber que é humano, preferir ficar ferido a ter de matar."


Rodrigo Guedes de Carvalho, "Mulher em Branco"



Desejo de, por vezes, ser "mulher em branco". Ficar "reduzida a sentidos".
Pelo ardor, a pele quente e queimada que me magoa sentir (tantas vezes). Pela respiração que às vezes prefiro não ver. Pelo cheiro, pelo calor, pela mágoa.
Desejo ficar "reduzida a sentidos" qual manhã indefesa. Desejo.
Desejo tantas vezes afastar o desejo que me queima. Arde
e
sufoca.
O calor que não quero perto.
A
pele queimada que quero minha.
A minha.
Vai
procura o que mereces.
Não
me vejas assim.
Olha
para o lado e esquece. Esquece-me.
Mata. Fere.
Deixa-me sem o sufoco de não querer sentir o ardor na pele queimada.
"mulher em branco". quero-o ser para te sentir.