09 agosto 2009

a tempo?

Sentada. Escuro.

Ali tinha tudo para pensar no que é meu.
Via os outros passar. Os jovens na descoberta. Os de terras distantes a conhecer esta calçada. Os que vinham trabalhar. Os que andavam perdidos e corriam pela dependência. Os que sentiam a noite. Os que discutiam. Os que riam.

Enquanto os via passar perdia-me na vida deles. E a minha em branco.
Bem me dizem para pensar na minha.
Vivi a daqueles desconhecidos naquela hora e meia.
No desespero baixava a cabeça para me sentir.
Queria ter onde lavar a alma. Naquela altura era eu. E eu
tinha que saber limpar a minha
sozinha.
Nunca o soube. Não sei.

Ver o que é meu. E viver
não sei.
Não veio no livro de instruções.

Queria ter onde limpar a minha alma.

Vou correr
para viver por mim. Será
que vou a tempo de mim?

Queria ter onde limpar a minha alma.

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