28 junho 2010

Sabem a minha morada.

Se o encontrarem, devolvam-me. Não que seja essencial à minha sobrevivência, mas faz-me falta. Saberão que é o meu. Pode não ser perfeito mas distingue-se bem (se me conhecerem genuinamente). Devolvam-me, se não for demasiado incómodo. Gostava de o ter de volta. É leve e fácil de apanhar. Sabem a minha morada.

Não é essencial, mas não sei acordar de manhã sem ele, e muito menos consigo adormecer serenamente. É o meu, não há muito por onde fugir. Está de certeza perdido numa rua qualquer. Provavelmente já passei por ele mais de mil vezes e nunca o vi. Mas se forem vocês a passar vão vê-lo, é quase certo. Apanhem-no por favor. É leve, não custa nada. Sabem a minha morada.

Sei viver sem ele. Mas não sei ser eu. Apanhem-no e tragam-mo por favor. Sabem a minha morada.

21 junho 2010

"Quando se é criança a noite é assustadora porque há monstros escondidos debaixo da cama. Quando crescemos os monstros são diferentes. Dúvida. Solidão. Arrependimento. Embora sejamos mais velhos e mais inteligentes, ainda temos medo do escuro."

"E a única forma de nos livrarmos de uma sombra é desligarmos as luzes para pararmos de fugir da escuridão e enfrentrar o que se teme de cabeça erguida."

"faz bem ao coração largar o que há em vão"

15 junho 2010

Guerras por lutar

"Algumas guerras nunca terminam. Algumas terminam numa trégua desconfortável. Algumas guerras resultam... em completa e total vitória. Algumas guerras acabam em paz. E algumas guerras...acabam em esperança. Mas todas essas guerras não são nada... comparadas com a mais assustadora de todas, aquela que tu ainda tens que lutar."

"Ainda desejamos... porque... às vezes... os sonhos realizam-se."

Não me peçam para relativizar. Muito menos me iludam nas resoluções que apresentam. Deixam-me apenas sentir o que mais de legítimo tenho dentro de mim. E não me condenem. Condenar é o caminho mais rápido para um situação semelhante. Deixem-me apenas sentir.

"Neste momento não precisamos de um conto de fadas. Basta um pouco de felicidade."

11 junho 2010

Mudem-me a pele.

Ligas futilmente a televisão e vives, por momentos, a vida de pessoas que, na verdade, não existem. E viajas na tua, mesmo pensando que continuas completamente a viver a daqueles que não o são na verdade. E se naquele dia...

...pensas no que foi.
...pensas no que era.
...revives as sensações que já foram um dia.
...revives o palpitar.
...revives o estômago em alvoroço.
...revives.

E julgas ainda teu. Não, não morreu aquilo que foi um dia. Para mim, ainda não. Mudem-me a pele para ser outra mulher. Mudem-me por favor e urgentemente a pele que assim é sufocante demais.

"ainda me alteras o passo se te vejo passar"

04 junho 2010

aprender

"Aprendi que há amores impossíveis. Amores a sério, daqueles que fazem o coração bater tão alto que achamos que toda a gente o consegue ouvir. Daqueles que fazem borboletas na barriga e não deixam dormir. Daqueles que fazem ir a casa cinco minutos, vestir a melhor roupa, maquilhar e pôr perfume. Daqueles que deixam um sorriso permanente e indisfarçável. Aprendi o que é um amor a sério. E também aprendi que pode ser impossível. Aprendi que o tempo pode ser inimigo e a distância é cruel. Aprendi que a mudança é inevitável. Aprendi que nem os amores a sério são para sempre. E então, tive que aprender a esquecê-lo. O tempo fez-se amigo e a distância aliada. Aprendi a não pensar e a não sentir. Aprendi que se não falasse, se não visse, se não soubesse, era como se não existisse. E achava que, assim, estava a aprender a esquecê-lo. Ele ia deixar de existir. Agora sei que isso não se aprende. Não se controla as batidas do coração, nem as borboletas, nem o sorriso. Por mais que queira, é inevitável pensar e sentir. É inevitável não ser completamente feliz de outra forma. Agora sei que não aprendi a esquecer, aprendi a esconder."